Os sintetizadores e os herdeiros do Krautrock


O sucesso comercial dos primeiros álbuns lançados com as gravações dos sintetizadores Moog por W. Carlos, Perrey e  Kingsley, e demais pioneiros da música eletrônica, apresentaram as possibilidades oferecidas pela nova tecnologia e motivaram os músicos a incorporarem o sintetizador e outros instrumentos eletrônicos em novas composições

Peter Mannin, em seu livro Electronic and Computer Music, comenta que o uso provocativo das técnicas eletrônicas
no rock e na música pop foi utilizado na década de 1960 pela banda Beach Boys, que utilizou transformações da voz gravada em fita e sons do Theremin nas canções “Good Vibrations” (1966) e “She´s Goin Bald” (1967). No álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles, também foram realizadas transformações do som realizadas por  meio de técnicas de estúdio baseado em gravadores de fita. Os músicos de jazz, rock progressivo e instrumental fusion iniciaram suas incursões na eletrônica no início da década de 1970, quando obtiveram acesso aos primeiros sintetizadores comerciais.

Com os modelos analógicos modulares, a música eletrônica era quase artesanal e concebida sem a maioria dos recursos disponíveis atualmente. Não existia memória para guardar sons programados nos painéis nem as facilidades do sistema MIDI. Os sintetizadores eram monotimbrais e ofereciam apenas sons sintéticos obtidos por meio de algumas poucas formas de onda. Para apresentações, o tecladista necessitava de vários sintetizadores, um para cada som.

Os grupos que seguiam a estética do rock progressivo foram os pioneiros na utilização do sintetizador comercial em
apresentações ao vivo. Os tecladistas Rick Wakeman (Yes), Tony Banks (Genesis), Keith Emerson (ELP) e Richard Wright (Pink Floyd), entre outros, iniciaram a utilização de vários teclados eletrônicos, entre eles Moog Modular, Minimoog, Mellotron, e órgão Hammond. As composições são caracterizadas por longas passagens instrumentais e eletrônicas.

Velho continente, nova música 

Na Alemanha, as bandas Can, Faust, New! e outras do Krautrock, que exploravam as possibilidades de improvisação e
a fusão de estilos e sons eletrônicos, influenciaram grupos que os sucederam, como o Tangerine Dream e o Kraftwerk.

Em 1969, Florian Schnieder-Esleben e Ralf Hütter iniciaram uma parceria que mais tarde se tornaria a banda alemã de música eletrônica Kraftwerk. Utilizando intensivamente sintetizadores, sequenciadores, percussão eletrônica e vocoder, criaram um estilo próprio baseado em ostinatos – padrões ritmos mecânicos e repetitivos – que serviam de fundo para efeitos eletrônicos, vozes robotizadas e melodias simples. O Kraftwerk lançou vários álbuns de sucesso, alcançando grande vendagem, entre eles Autobahn (1974), Radioactivity (1975), Trans-Europe Express (1977), Man Machine (1978) e Computer World (1981). Ali estavam estabelecidas as fundações para a música eletrônica dance e os grupos de techno pop que sucederam o grupo.

 

O grupo Tangerine Dream, formado por Edgar Froese, se tornou um expoente do Krautrock e explorou as possibilidades do sintetizador realizando trilhas sonoras para o cinema e lançando vários álbuns, entre eles Rubycon (1975) e Cyclone (1978). Assim como o Kraftwerk, utilizaram intensivamente step sequencers e arpejadores automáticos para criar padrões repetitivos para formar a base rítmica e melódica em várias composições de seu repertório.

 

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