Rhodes Keyboards Instruments


Na era dos samplers e sintetizadores de grande qualidade sonora, o piano elétrico Fender Rhodes continua presente

Estamos em 2015. E seja no rock, no pop, no jazz, no hip hop, no acid jazz ou em qualquer outro estilo, a sonoridade única do Fender Rhodes está mais popular do que nunca. Segundo grandes músicos, isso se deve ao fato de que ele é perfeito tanto para acompanhamentos quanto para solos. Seu timbre é extremamente suave quando são tocados acordes longos e curto e encorpado quando percutido rapidamente em solos. Não existiu nenhum grande pianista ou tecladista que, ao longo desses 50 anos, não o tenha usado pelo menos uma vez. Experiências com o timbre original e limpo foram feitas. Os músicos experimentaram adicionar efeitos como chorus, flanger, delay, distortion e phaser, entre muitos outros, criando sons que variavam do funky ao profundo smoothly. Para ter uma idéia de como esse instrumento foi explorado e adorado nestes últimos anos de existência, muitos teclados e softwares tentam simular seu timbre original, alguns com considerável sucesso. Igual a colecionadores de carros, ter um Fender Rhodes hoje significa para muitos possuir uma peça de arte!

RHODES – “ARMY AIR CORPS PIANO”
Em 1942, terceiro ano da Segunda Grande Guerra, Harold Rhodes criou um pequeno piano de duas oitavas e meia (29 teclas) com o intuito de ensinar e entreter os soldados que se encontravam enfermos. O pequeno instrumento, construído a partir de velhos canos de alumínio usados no bombardeiro B17, podia ser colocado nas coxas dos pacientes. Ele era totalmente acústico e logo se tornou muito popular entre os soldados. Alguns poucos milhares foram fabricados e, futuramente, Harold seria premiado pelo seu feito. Nascia a ideia do piano Fender Rhodes. Após a guerra, a fábrica de pianos Rhodes foi concebida e, em 1946, Harold apresentou o pré-piano, constituído de apenas três oitavas e meia. Suas peças incluíam as fornecidas por uma fábrica de campainhas, um microfone eletrostático, amplificador e um speaker de seis polegadas. Seu preço era de 99,5 dólares! Em 1959, na convenção anual da NAMM, Harold Rhodes lançou o Piano Bass, popularizado pelo famoso músico Ray Manzarek, do The Doors.

 

 

FENDER RHODES ELETRIC PIANO
Entre os anos de 1959 e 1965, um piano elétrico de 72 teclas, projetado a partir de um baby grand, entra em turnê demonstrativa e chama a atenção de Leo Fender, que compra a companhia. A partir de então ela passa a chamar-se Fender Rhodes. Mas, apesar das experiências de Harold, o Piano Bass ainda era o único instrumento do tipo no mercado. Durante essa época, Mr. Fender estimula o criador Rhodes a pesquisar e a aprimorar suas idéias. Em 1965, a CBS compra a Fender Rhodes. Harold continua na companhia e nesse período, finalmente, o primeiro Fender Rhodes Eletric Piano começa a ser fabricado. Os modelos eram constantemente modificados, o que tornava a sonoridade de cada um deles muito peculiar. No início, os martelos e as cordas quebravam freqüentemente. Quem possuía um Fender, entretanto, aprendia rápido como reparar e restaurar o equipamento.

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Suitcase Piano

MODELOS CLÁSSICOS
Dois foram os modelos que ficaram mais conhecidos: o Suitcase Piano e o Stage Piano. Ambos pesavam os mesmos 63 quilos. Mas o Suitcase tinha seu cabinete provido de alto-falantes que ultrapassavam os 60 quilos. Seu transporte era feito em cases de vinil ou fibra. O primeiro deles, o Rhodes Suitcase Piano, fabricado entre 1965 e 1981, possuía 73 teclas, pesava 63 quilos (sem o amplificador) e era equipado com um cabinete composto de dois speakers. O piano não funcionava sem o cabinete, uma vez que a amplificação (ativa) se encontrava nessa parte. Podia, porém, ser conectado a um amplificador externo. O modelo possuía controle de graves e agudos e, em algumas versões, o efeito tremolo. Esses primeiros exemplares possuíam martelos de feltro. Futuramente, usariam martelos com pontas de neoprene. Em 1970, um mesmo modelo, mas com 88 teclas, estaria à disposição.

Rhodes Stage Piano

Na mesma época, foi lançado o Rhodes Stage Piano, com opção de 73 e 88 teclas. Pesando os mesmos 63 quilos e possuindo saídas mono e estéreo, tornou-se famoso pelo topo arredondado que alguns achavam charmoso e outros, um incômodo, porque impossibilitava que se colocasse outro teclado em cima. A cada ano, o Mark I sofria modificações. As mais importantes foram na área de afinação e a substituição dos martelos de madeira por plástico. O preço na época variou entre 500 e 1,8 mil dólares.
Em 1979, esse modelo seria substituído pelo Stage Piano Mark II, que passaria a ter seu topo reto. Existem significantes diferenças de timbre entre eles, tanto que os softwares e teclados tentam simular cada modelo. Com o desenvolvimento da eletrônica, muitos outros modelos foram fabricados.
funcionamento

GERAÇÃO SONORA
O Fender Rhodes utiliza um sistema fisicamente diferente do piano. A pequena “corda” de aço, chamada de “agulha”, depois de percutida, produz uma vibração. A obtenção do timbre por completo se dá em conjunto com uma chapa de metal superior, que é a haste ou o “diapasão”. É justamente a vibração dessas duas peças que cria o som, que, por sua vez, é captado por uma bobina eletromagnética. tecnicamente, o som é gerado pela perturbação do campo magnético no conjunto da corda com o diapasão. É importante notar que, quando se refere ao termo agulha ou corda, na verdade está se falando de um fio de aço de aproximadamente 1,5 mm de espessura. O diapasão é uma chapa de metal. Ambos variam de tamanho de acordo com a nota.

EFEITOS E AMPLIFICAÇÃO
Antes de falar dos efeitos eletronicamente produzidos, vale ressaltar os distintos efeitos conseguidos usando apenas o toque. As diferentes forças aplicadas ao teclado podem produzir inúmeras “cores” sonoras. Um dos mais expressivos e apreciados pelos jazzistas é quando se usa de grande força na tecla, produzindo um som forte com uma leve distorção natural. Os efeitos clássicos da época inicial do Rhodes eram MXR Phase 90 Phase Shifter, ART Tube MP Tube Preamp, Crybaby Wah Pedal, Dunlop TS-1 Stereo Panner (para efeito do vibrato do suitcase), Roland Space Echo Tape Delay e Moogerfooger Analog Effects. Posteriormente, muitos músicos começaram a utilizar pedais. Entre os efeitos preferidos estavam stereo chorus, flanger, delay e phaser. É quase unanimidade que os melhores amplificadores para o piano são o Fender Twin Reverb e o Roland JC-120 Jazz Chorus. O Rhodes Super Satélite Speakers, para o som original do suitcase, e o Motion Sound Roary Speakers também são muito usados.

 

O MERCADO ATUAL
Foram milhares de pianos fabricados ao longo dos anos e existem muitos Fender Rhodes no Brasil, até mesmo esquecidos em cantos de hotéis e estúdios de restauração de pianos ou de gravação. Qualquer desses instrumentos, pela idade e pela diferente constituição, irá sempre requerer reparos ou uma reforma completa. Em uma pequena busca na Internet podem ser encontrados preços que variam entre R$ 8.500 até R$ 15.000.

Fender_Rhodes_(Inside)MANUTENÇÃO E REFORMA
O Rhodes – apesar de ter a fama de ser difícil de desafinar – é de fácil afinação. Basta deslizar o arame que fica preso à corda para frente ou para trás a fim de obter a freqüência desejada. Ao examinar uma unidade, deve-se prestar atenção na parte mecânica da ação dos martelos. Ela tem de estar preferencialmente firme. Não se prenda a pequenas diferenças de timbres ou volume entre uma nota e outra. Isso pode facilmente ser acertado, ajustando-se o ângulo e a distância entre cordas e captador. No entanto, por conta das inúmeras modificações feitas através dos tempos, nenhum Fender Rhodes costuma soar igual a outro. Nos primeiros anos de fabricação, alguns possuíam um som maravilhoso, enquanto outros, decepcionavam. É imporante lembrar que se está lidando com um instrumento de, pelo menos, 30 anos de idade e uma restauração pode custar, em média, a partir de R$3.000.

 

Rhodes-USB-Controller-Keyboard-RPC-1_video_screenO QUE HÁ DE NOVO

Os Rhodes atuais, em comparação aos modelos antigos, apresentam algumas diferenças de sonoridade, pois, para muitos, é menos “Fat”. Mas os novos modelos são mais coloridos e bonitos! Há também algumas opções no mercado que se dispõem a oferecer som e toque realísticos do Rhodes para quem procura por um teclado moderno e robusto, porém leve, como o Clavia Nord Electro e o Korg SV-1 Stage Vintage Piano, entre outros.

 

mrray73mk2EMULADORES
Para quem não faz questão de um teclado físico, mas quer o som do Rhodes em suas produções, algumas opções de simuladores em software podem ser úteis, como o Emagic EVP 73 e EVP 88, o Mr Ray Seventy Three (freeware), o Scarbee Vintagekeys ou o Lounge Lizard.

 

PARA OUVIR
Na década de 1970, a maioria dos pianistas e tecladistas usou Rhodes em gravações e shows. No jazz, Chick Corea, Herbie Hancock, George Duke e Joe Zawinul, entre muitos outros. No rock, está presente em todas as vertentes, de Doors e Beatles a Led Zeppelin, Yes e toda a turma do progressivo. No pop, Stevie Wonder e Steely Dan, notadamante. Atualmente, está mais presente no pop, no drum’n’ bass e no hip-hop.

Stevie Wonder – Inervisions
Jamiroquai – Return To Space Cowboy
Chick Corea – Return To Forever e Light As A Feather
Brand New Heavies – Heavy Rhyme Experience –
Billy Preston – “Get Back”
Miles Davis – Nared And True
Ed Motta – Dwitza
Bill Evans – From Left To Right

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