Os ícones do Piano Blues


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Meade Lux Lewis

O piano, no blues, não tem ocupado lugar proeminente, como a guitarra. Em termos de “blues virtuoses” das últimas décadas, há mais gaitistas, inclusive, do que tecladistas. Mas nosso instrumento, certamente, irá ter, sempre, um lugar em uma banda, por conta de suas qualidades rítmicas e melódicas, a despeito das previsões histéricas de alguns observadores

Muitos dos melhores cantores e compositores são pianistas e o piano blues tem sido de grande influência nos caminhos do jazz, do rock e do soul. Os vários estilos do gênero existentes devem muito às suas raízes rudes e tumultuadas das barrelhouses (tavernas) e canteiros de obras das estradas de ferro americanas, entre o final do século 19 e o início do 20. Os pianistas tiveram que desenvolver um som rítmico e agressivo, para que pudessem ser ouvidos acima do burburinho e agradassem naqueles ambientes tumultuados. Não à toa, alguns dos primeiros grandes pianistas de blues são conhecidos pelo estilo barrelhouse.

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Otis Spann

Não há dúvidas de que mais guitarristas do que pianistas gravaram discos no início da indústria fonográfica. Muitos perderam capítulos importantes dessa história por causa da preferência das companhias responsáveis pelos registros de blues nos anos 20 e 30. Alguns pianistas nem chegaram a produzir um disco completo e são agora conhecidos por meio de algumas poucas e obscuras coletâneas. Muitos, inclusive, nunca tiveram a oportunidade de gravar sequer uma música. Outros, no entanto, registraram álbuns logo após o surgimento do próprio blues, como Cow Cow Davenport, Roosevelt Sykes e Pine Top Smith. O disco Pine Top’s Boogie Woogie, de 1929, por exemplo, marca o surgimento do termo boogie-woogie, hoje muito utilizado.

Boogie-woogie
Esse estilo se caracteriza pela estrutura de 12 compassos do blues, com a mão esquerda repetindo um padrão rítmico enquanto a direita toca as melodias e improvisos. Mas muitas pessoas que escreveriam uma novela sobre Robert Johnson nem sabem o que isto significa: que os compassos do boogie-woogie se tornaram a fundação do jazz em 1930/1940, do jump blues em 1940/1950 e do R&B/rock&roll em 1950/1960.

Professor Longhair

Professor Longhair

Quando o blues começou a ser eletrificado, em Chicago, nos anos 40 e 50, a guitarra e a gaita assumiram maior proeminência do que o piano. Muitos discos de pianistas do gênero, na verdade, não mostravam suas reais habilidades ao instrumento. Alguns, como Leroy Carr, Walter Davis e Roosevelt Skyes, se tornaram populares pela sua voz. O que tocavam era incidental, um acompanhamento. A maioria dos pianistas urbanos fez sucesso como cantores e compositores.

Até hoje, pianistas tem tido mais oportunidades nessas ocupações do que como instrumentistas, principalmente por causa das exigências da mídia. Uma das maneiras para reverter essa situação seria que os meios de comunicação e os “formadores de opinião” resgatassem a importância e a beleza do piano com instrumento solista. Muito tempo se passou desde que os pianistas exerciam uma influência fundamental nas direções do blues, como fizeram nos dias do boogie-woogie e barrelhouse. (Mauricio Pedrossa)

 

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