Michel Camilo: energia e controle


61ps6lovqbl-_sl1200_Ele é um extraordinário pianista e compositor. Bandleader, conferencista e professor, conquistou prêmios Grammy, Latin Grammy e Emmy. Michel Camilo é tudo isso e um ser humano de entusiasmo sem limites, turbinado pela paixão musical e pelo amor à vida

Pianista de técnica brilhante e compositor que tempera suas músicas com os sabores dos ritmos do Caribe e as harmonias de jazz, Camilo sintetiza a ponte entre esses gêneros, o erudito e a world music. Vê-lo tocar é testemunhar a energia de uma tempestade tropical em 88 teclas. A turnê de seu novo álbum, What’s up?, mostra o artista em plena forma e dá uma bela demonstração de seu enorme talento, intercalando canções originais brilhantes e belas interpretações de standards como Cole Porter e Compay Segundo no piano solo.

Você toca tanto música erudita quanto jazz contemporâneo. Como a música latina tradicional tem influenciado suas composições e a forma como você toca piano?
Venho de uma família tradicional de músicos, alguns eruditos, outros populares. Alguns de meus tios eram compositores de músicas típicas para dançar, como merengues e boleros, na República Dominicana. Por outro lado, eu tinha uma tia que tocava clássico… Então, desde muito cedo, não havia divisão: música era música para mim. Música era uma celebração na família. Sempre que nos reuníamos, era um ao piano, outro no acordeon, ou na guitarra, percussão etc. Um de meus ancestrais era compositor de música típica caribenha. Então, a música latina sempre esteve presente na minha vida. Com quatro anos e meio, meu primeiro instrumento foi o acordeon. Naquela época, tirei de ouvido “Parabéns A Você” e “Noite Feliz”. Aprendi olhando meu tio tocar. Dessa época até os 9 anos, eu tocava de ouvido. Meus avós tinham um piano que eu costumava tocar todas as vezes que ia à casa deles. Nessa época, já compunha pequenas músicas populares. Aos nove, meus pais me mandaram para o conservatório, onde aprendi a ler e tocar música erudita. Lá, me graduei como professor. A primeira vez que ouvi jazz, no rádio, foi aos 14  anos, pois um de meus primos era um grande fã de jazz. Ele tinha um programa de rádio, às segundas-feiras. Eu estava estudando meu Bach e meu Mozart quando sintonizei no programa de meu primo e ouvi Art Tatum tocando “Tea for Two”. Para mim, foi uma grande revelação. Imediatamente me apaixonei pelo estilo! Daí por diante, me aproximei desse meu primo, emprestando dele tudo que tinha em discos de jazz e comecei a fazer minhas próprias transcrições. Quando comecei a ouvir as improvisações no jazz, para mim eram como compor instantaneamente. Foi muito por causa disso que me apaixonei pelo estilo.

Quanto aos elementos básicos da música latina, o que você considera essenciais para você?
A parte mais essencial na música latina é a clave. Para entender e tocar música latina você precisa entender o que a clave significa em termos rítmicos, que consiste em dois tipos “3 e 2”, e “2 e 3”. Somente a partir daí se entende o movimento e o sentimento do ritmo latino. Hoje em dia, se utilizam também claves alteradas, pois não se usa apenas o conceito binário 2/4 ou 4/4 mas também 7/4, 13/4, 11/8 etc.

Você acredita que, para ser universal, primeiramente tem que ser tradicional?
Precisamos de uma fundação tradicional sólida, seja ela musical, seja ela incorporada com as raízes culturais e regionais de cada parte do planeta. Temos que respeitar as tradições, o que nossos ancestrais fizeram. Uma vez tendo adquirido esse conhecimento, você pode ter sua própria voz. Para mim, a música é uma linguagem universal, a linguagem da alma humana. Tenho feito turnês ao longo de 30 anos, por lugares de que não sei a língua natal, mas sei me comunicar, às vezes fazendo rir, às vezes chorar, com esta ferramenta universal que é a música!

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