Criação sonora virtual


Cada vez mais disseminados entre músicos e produtores, e alavancados pelos DJs, o uso de soft-synths é a grande ferramenta atual da criatividade

A utilização indiscriminada de loops de áudio na produção fonográfica fez que, cada vez mais, produtores e músicos, na ânsia pela renovação da sonoridade, buscassem por alternativas de timbres. Nessa procura, a principal ferramenta encontrada foi a utilização de sintetizadores. Caros e de grandes proporções no início de seu desenvolvimento, esses equipamentos tiveram seu tamanho reduzido ao longo do tempo e, aos poucos, invadiram os computadores em formato de software. Tanto simuladores quanto modelos inéditos (e até mesmo ferramentas de desenvolvimento de sintetizadores virtuais) podem ser encontrados no mercado em forma de plug-ins VST ou stand-alone.

Ao contrário do que muitos pensam, o sintetizador não é um instrumento que tem como objetivo fundamental imitar sons acústicos. Sua principal utilização é a criação de novos timbres por meio do emprego de técnicas de síntese sonora. Indispensáveis no arsenal de qualquer músico ou produtor que pretende inovar, esses criadores de timbres exigem conhecimento para sua correta (e produtiva) utilização. Para tornar-se um sintetista, portanto, é preciso prática e muita pesquisa, pois existem várias técnicas que podem ser utilizadas para sintetizar sons e, por esse motivo, cada modelo possui uma sonoridade específica.

 

Arturia Prophet5

Arturia Prophet5

Virtualidade

A primeira ideia de timbre que vem à mente quando se fala em sintetizador é proveniente dos teclados clássicos, como os Moogs, Farfisas, Prophets, dentre muitos outros. Eles foram perpetuados por artistas e grupos como o Yes, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd, Vangelis e Giorgio Moroder, dentre tantos outros que tornaram os sintetizadores um marco da nova tecnologia (pelo menos enquanto eram novidade). Tradicionalmente, os sintetizadores surgiram como evolução dos teclados acústicos e eletroacústicos. Mas os novos sintetizadores não necessitam mais de um hardware específico para prover sons. Eles estão inseridos em uma nova fase: a virtualidade.

Spectrasonic Omnisphere

Spectrasonic Omnisphere

Os sintetizadores virtuais são muito mais práticos que os tradicionais com teclas e existem em centenas de opções. Um outro fator importante na escolha por um sintetizador virtual é o fato de que não é preciso investir no hardware que acompanha o timbre. Muitas vezes, o músico gosta das teclas do instrumento que possui, mas não dos sons, ou vice-versa. Desse modo, ao trabalhar com um sintetizador virtual, é possível utilizar um controlador MIDI que apresente melhor sintonia com o gosto do usuário por teclas e recursos. Além disso, se for desejado um som diferente, não é preciso comprar um teclado novo, bastando fechar o programa e abrir outro.

Basicamente, há dois tipos de sintetizadores virtuais atuais: os que procuram emular sons do passado por meio da recriação digital de instrumentos reais e os que propõem novos padrões sonoros. Os primeiros, geralmente, utilizam uma forma de síntese conhecida como modelagem física. Esse sistema é muito mais rico em detalhes do que a metodologia aplicada nos samplers.

Image_1_-_Pianoteq_InterfacePor mais fiel que tenham sido as gravações feitas nesses equipamentos, elas sempre serão imutáveis, o que não acontece na modelagem física. Basicamente, é possível entendê-la como parte de dois processos. Primeiramente, a excitação é responsável por criar a emissão do som e, logo em seguida, entram em ação as variantes compostas pelo ressonador, que modela as características dos timbres de acordo com suas propriedades físicas. Um software bem interessante nessa área é o Pianoteq, que emula um piano acústico pela modelagem física, e em que se podem modificar os parâmetros do sintetizador. Dessa forma, é possível criar o instrumento que se imaginar, como um piano de cauda de 10 metros de comprimento, praticamente inviável no mundo natural.

Mas ainda existem aqueles que vislumbram um “algo a mais” na criação sonora em um mundo repleto de possibilidades, concebendo um instrumento completamente contemporâneo, como é o caso do Reactable.

 

 

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