Controle de sintetizadores analógicos via MIDI – Parte 1


De alguns anos para cá, tem havido um interesse crescente nos antigos sintetizadores analógicos. Muitos músicos e, principalmente, produtores de música eletrônica (re)descobriram as sonoridades dos velhos synths, e estão querendo produzi-las diretamente da fonte, e não por samples e simulações digitais

Bob Moog e o sistema modular no início da década de 1970

Bob Moog e o sistema modular no início da década de 1970

A redescoberta das sonoridades dos velhos sintetizadores criou uma movimentação significativa nesse mercado, tanto em direção aos instrumentos antigos quanto na produção de novos modelos baseados na “velha” tecnologia. Nos últimos anos, surgiram pequenas empresas oferecendo sintetizadores analógicos, modulares ou não. Mas também os grandes fabricantes mundiais, como Korg, Roland e Yamaha, estão desencavando (no bom sentido) projetos de mais de trinta anos e relançandoos no mercado. Isso sem falar de alguns projetistas das décadas de 1970/80, como Dave Smith, Roger Linn e Tom Oberheim, que voltaram à atividade com uma disposição de fazer inveja a qualquer jovem entusiasta dos sintetizadores. E não poderíamos deixar de mencionar os modelos analógicos modulares produzidos atualmente em nosso país por Vinícius Brazil (VBrazil Systems, RJ) e por Paulo Santos (Electronic Music Works, SP), assim como os instrumentos artesanais de Arthur Joly (SP).

Essa fase nostálgica tem um pouco de cult, mas também tem muito a ver com características que são peculiares aos sintetizadores analógicos. Em primeiro lugar, no sintetizador analógico todo  o processo de síntese, do início ao fim, acontece no domínio analógico, onde o sinal de áudio está lá na forma de tensão/corrente trafegando pelos circuitos. Em outras palavras, o sinal é o próprio sinal,  ao passo que em um sintetizador digital o sinal, na verdade, é gerado e processado na forma de representação numérica – aproximada – do que deveria ser, e só se torna de fato um sinal eletrônico no fim do processo, ao ser convertido no circuito do DAC.

Além disso, por causa da maneira como os sintetizadores analógicos são construídos – com componentes “discretos”, isto é, individualizados – um instrumento sempre soa um pouquinho diferente de outro supostamente igual. Isso acontece porque os circuitos são compostos por uma grande quantidade de componentes, cada qual com suas tolerâncias de valores, que podem reagir diferentemente às variações de temperatura, de alimentação elétrica, e ao próprio sinal. É por isto que exemplares de um mesmo modelo soam muito parecidos, mas não rigorosamente iguais. Já em um instrumento digital, em que os circuitos estão integrados em um ou poucos chips, essas diferenças são absolutamente minimizadas.

Muitos músicos não percebem ou não se importam com essas diferenças, e é por isso que os instrumentos digitais são mais usados, não apenas porque também produzem sonoridades interessantes, mas certamente porque oferecem um custo-benefício melhor, com recursos de memorização, maior polifonia, e, principalmente, porque são mais baratos. De qualquer forma, a realidade é que os analógicos ressurgiram e vêm ocupando um espaço significativo nos setups dos artistas.

Prós e contras
A sonoridade analógica é muito legal, mas o retorno ao passado pode trazer algumas dificuldades, principalmente quando algumas coisas já avançaram e se consolidaram. Um dos aspectos que mais evoluíram com a tecnologia digital é a capacidade de controlar coisas a distância. No caso dos instrumentos musicais, isso foi resolvido há muitos anos com a criação do padrão de comunicação MIDI (Musical Instrument Digital Interface).

01_midiDesenvolvido em conjunto por alguns engenheiros de empresas fabricantes de instrumentos, dentre eles o já citado Dave Smith, da Sequential Circuits, o MIDI  surgiu oficialmente no evento NAMM de 1983, quando um Sequential Prophet 600 e um Roland Jupiter 6 foram interligados e funcionaram juntos via MIDI. A partir de então, uma nova onda atingiu o cenário musical. O controle por meio do protocolo MIDI viabilizou o uso dos computadores na música, trazendo grandes mudanças  nos processos de composição, arranjo e performance. Sua eficiência é inegável, já que, depois de mais de 30 anos, ainda está aí em pleno uso, apesar de ser um protocolo baseado em 8 bits e trafegar a uma velocidade “ridícula” de 31.25 kbps!

O fato é que a indústria musical, hoje, continua assentada nessa tecnologia, com bilhões de equipamentos no mundo inteiro se comunicando via MIDI. Há mais de três décadas, portanto, nos acostumamos a usar o MIDI em nossos sistemas musicais. De lá para cá, surgiram os equipamentos controladores, com teclado ou não, que  ermitem ao músico acionar seus instrumentos musicais, equipamentos de áudio e softwares. Há alguns anos, o MIDI também foi incorporado ao protocolo USB, que passou a ser o tipo de conexão principal em vários equipamentos, facilitando a interligação com os computadores.

O problema é que os sintetizadores analógicos da era pré-MIDI, e também a maioria dos modulares analógicos modernos, não foram projetados para isso. Na verdade, o processo de controle nos synths analógicos é outro, bem diferente. (Miguel Ratton)

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